sábado, 7 de julho de 2012

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Mídia e Educação Física Escolar

Autor: Davi Marangon – dmarangon@positivo.com.br
A Educação Física escolar se vê desafiada a buscar alternativas pedagógicas frente às novas exigências postas pelos documentos oficiais que orientam as políticas educacionais em nosso país. Uma dessas exigências, recorrente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e Orientações Curriculares Nacionais de Educação Física (OCNEM), é a discussão crítica sobre a temática das mídias.
  • Que ferramentas e atividades você já utilizou para desenvolver a temática das mídias nas aulas de Educação Física?
O desafio da Educação Física de contribuir com a formação humana que foi alavancada como desdobramentos das proposições da LDB/1996, na qual esta área do conhecimento é entendida como um componente curricular obrigatório na educação básica, devendo estar integrada ao projeto político pedagógico das escolas.
Em consonância com a legislação vigente, o status de componente curricular exigiu da Educação Física na escola a tarefa de sistematizar conhecimentos próprios e de justificá-los no projeto de formação de cidadãos e cidadãs críticos(as), autônomos(as), criativos(as), participativos(as) e agentes de construção de uma sociedade cada vez mais democrática e equânime do ponto de vista da justiça social. Para tanto, se estruturou como uma grande área pedagógica voltada para o conhecimento e para a intervenção na realidade, valendo-se da seleção de conteúdos provenientes de uma esfera da produção cultural relacionada ao domínio e ao uso do corpo nas mais diferentes práticas sociais, mais especificamente, vinculadas às manifestações culturais na forma de jogos, de esportes, de danças, de ginásticas e de lutas. Essas práticas são percebidas como formas de linguagens que expressam e comunicam os valores, os sentidos e os significados construídos nas relações sociais.
Hoje, entende-se que os meios de comunicação de massa, ou as mídias, são canais por meio dos quais ocorre a divulgação e a formação de opiniões sobre os conceitos, valores e sentidos referidos às práticas corporais. Desta maneira, é por meio de uma concepção crítica da Educação Física que se justifica um estudo sobre as mídias, no sentido de captar os saberes de senso comum produzidos pela sociedade sobre as práticas corporais e divulgados por elas, contribuindo com critérios para a sua leitura crítica, envolvendo análise, interpretação, compreensão e transformação, quando necessário.

Atualmente, a temática da mídia relacionada à educação é das mais relevantes socialmente. Tal relevância se evidencia pela transversalidade e intensidade com que os conteúdos sociais diversos, tais como a violência, o ambiente, a saúde, o lazer, entre tantos mais, são veiculados em diferentes artefatos midiáticos, como a televisão, o rádio, o cinema, o jornal, as revistas e a internet, entre outros. No trânsito das informações que circulam nos diferentes meios, é possível perceber um ensino informal de comportamentos, hábitos, valores e procedimentos, que agem na formação de opiniões e na constituição das identidades das pessoas.
A educação formal que acontece nas escolas está cada vez mais voltada para as mídias e para as novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), entendendo a necessidade de formação crítica dos alunos e alunas para que não sejam receptores passivos dos conteúdos por elas divulgados.
Esse aspecto é corroborado por Arnaldo, quando afirma que discurso midiático, sendo função da Educação Física na escola promover a leitura crítica dos conteúdos sobre elas veiculados pelos diferentes meios, contribuindo para a (re)significação valorativa das mesmas. Essa perspectiva abre novas alternativas de formação dos alunos e alunas, ampliando sua visão do mundo por meio das linguagens das práticas corporais.
Discurso midiá-tico aqui entendido da mesma maneira que Sodré (citado por Pires, 2003) como um caminho simbólico que serve para guiar visões de mundo e as perspectivas de interação social dos diferentes grupos alcançados pela ação anunciativa. De acordo com Pires (2003), o atual discurso midiático se caracteriza pelo apagamento das linhas limítrofes entre informação, entretenimento e publicidade, do que resulta um certo embaralhamento entre estas funções sociais da mídia.

Embora pareça que a mídia seja racional e objetiva, muitos de seus efeitos derivam do uso da mídia sob formas que incitam emoções e apelam para o irracional, subjetivo e subliminar da psique humana. Deve-se ficar prevenido contra esses efeitos e, na medida do possível, ajudar os jovens a aprenderem sobre estes aspectos da mídia (SOARES, 2002, p.448)
Além do olhar crítico sobre as informações circulantes nos meios de comunicação de massa, outro aspecto a ser levado em consideração dentro dessa temática, diz respeito à articulação entre a linguagem das práticas corporais e a linguagem das TICs, abrindo novas alternativas e possibilidades ao fazer pedagógico da Educação Física. Essa forma de linguagem mediatizada pelos aparatos tecnológicos, está cada vez mais presente nas nossas vidas, particularmente na vida das crianças e jovens, sendo que os meios que convergem linguagens audiovisuais e de dados de forma digitalizada podem servir para estruturação e divulgação das produções dos alunos e das alunas realizadas em aula.

Referências bibliográficas
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BETTI, Mauro. Mídias aladas ou inimigas da educação física escolar? Motriz, Rio Claro, vol. 7, nº 2, pp.125-129, 2001.
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PIRES, Giovanini L. A pesquisa em educação física e mídia nas ciências do es­porte: um possível estado atual da arte. Movimento, Porto Alegre, vol.9, nº 1, p. 09 a 22.
SOARES, Ismar O. Gestão comunicativa e educação: caminhos da educomuni­cação. Comunicação e Educação, São Paulo, vol.23, jan./abr., 2002